Que Hora é Esta?

É em vão que o sol doira
As asperezas da terra:
Secou na seara loira
Toda a esperança que ela encerra.


Baldadas todas as horas,
Todos os passos sem fim.
Murchou de vez o alecrim
Secaram roxas amoras.


É quente a água das fontes,
Escalda o sangue nas veias:
São de fogo os grãos de areias
E as pragas negras dos montes.


Para quê lutar ainda
Numa luta sem sentido?
Sofre-se por se ter sofrido
Esta angústia que não finda.


Angústia que sobe à boca
Que amarga como a amargura
- Existência mal segura,
Fazenda que mal dá roupa.


Cansaram-nos assim de tudo,
Todos nos pesam de mais
- Os poetas são jograis
E o seu cantar quase mudo

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